sexta-feira, 24 de julho de 2009

2. Fatalidades

Já estava cansada de toda aquela manifestação de alegria que Caio e Jéssica demonstravam. Meu Deus era apenas um carro! Mas para eles era muito mais do que isso, era um Astra Sedan, o carro dos sonhos. Eu não julgava. O carro era realmente show, eu fiquei muito feliz, até dei alguns pulinhos e dancei algumas dancinhas com o Caio – antes que ele falasse que aquilo era totalmente gay –, cantei as primeiras músicas do super som automotivo junto com eles, mas acho que estava preocupada demais com os últimos acontecimentos para fazer muita festa. Estava feliz e preocupada por Caio, tudo ao mesmo tempo, minha cabeça parecia estar fazendo um miojo.
Caio parou o carro na frente da minha casa, desligou o som e descemos todos os três juntos. Eu sabia que estava chegando à hora da despedida e já havia decidido dentro do carro que iria contar a história para Caio, mas quando vi o sorriso dele enquanto ele e Jéssica faziam a dança da alegria – uma típica dança nossa – não queria estragar aquilo, talvez Jéssica estivesse certa aquilo, talvez tudo fosse uma paranóia minha. Resistir a eles era impossível, decidi tirar de vez
esta história da minha mente e dar risada junto com meus amigos. Felizmente Caio estava feliz o suficiente para não reparar meu estranho modo de agir.
– Vamos Inaugurar o The Power Guidow, essa noite? – Caio perguntou enquanto abaixava e levantava suas sobrancelhas.
– Quem? – perguntou Jéssica com os olhos arregalados.
– Meu carro! E nem venha querer meter o bedelho, o carro é meu, meu carro, carro meu. – Caio ficou repetindo e trocando a ordem das frases como se estivesse falando em câmera lenta. – Entendeu?
– Nome engraçado, da pra tirar umas boas risadas. – Eu concordei enquanto ria.
– Para de apoiar Vivi, esse nome é ridículo, eu não vou andar em um troço que se chama The Power Guidow. – Jessica fez uma careta ao dizer o nome do pobre carro.
– Então não ande. Você que esta perdendo. – como caio ficava convencido ao lembrar-se do quão lindo era seu carro.
– Escute bem Caio eu vou andar no The Power Guidow, mas só porque eu tenho certeza que quando as garotas ouvirem o nome do seu carro elas vão correr de você, então você vai se arrepender e pedir desculpas para não ter me ouvido.
– Veremos então! – Caio mostrou a língua para Jéssica certo de sua vitória, coisa que eu duvidava muito. – Mas então, vamos comemorar ou não?
– Óbvio não é. – eu afirmei, e percebi o sorriso de alegria de Caio ao pensar que ele ia comemorar o carro que ele sempre quis.
– Onde vai ser? – perguntou Jéssica curiosa.
– Mama food. – Caio disse já esfregando a barriga ao lembrar, da lanchonete que nós vamos sempre, a lanchonete da tia Dolores.
– De novo. – Jéssica falou em um tom enjoativo.
– Fidelidade total a tia Dolores! – eu e caio falamos juntos enquanto fazíamos pose de reverencia igual a dos soldados, logo depois ambos caímos na risada.
– Que seja então. – Jéssica não era muito acostumada com a simplicidade, minha e de Caio.
– Então vamos Jéssica – Jéssica acenou com a cabeça e foi entrar no carro –, fica marcado para as 6:00hr, beleza Vivi? – Caio dizia isso já entrando no carro.
– Eu passo aqui e o Caio pega a gente na sua casa. – berrou Jéssica de dentro do carro.
– Marcado! – respondi.
Depois só pude ouvir o ronco do motor potente do novo carro de Caio, enquanto eles acenavam para mim.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Cont. do 1º Capitulo. (perdão pela demora.)

– shhh! – foi apenas o que ele disse, sem tirar seus lindos olhos dos meus. Não havia motivo algum para ele pedir, que eu me calasse, pois já havia me calado há muito tempo, estava perdida no mar de seus olhos.
Ele soltou-me aos poucos para ter certeza de que não ia mais gritar, quando finalmente me deixou livre, ficou me encarando esperando que falasse algo. Eu tentei falar, juro que tentei, mas não saia som algum de minha voz e isso não acontecia por culpa do susto pelo qual tinha passado, a culpa era daqueles olhos vidrantes que me olhavam em busca de respostas.
– Eu não queria te assustar. Estava procurando alguns livros para fazer uma pesquisa. – Ele disse em sua voz melodiosa tentando me acalmar com um sorriso perfeito.
– Mas hoje é seu primeiro dia de aula. – Respondi com a voz rouca e tremula, ainda tentando recuperar o ar que sua proximidade me roubava. Não entendia qual pesquisa um aluno novo teria que fazer?
– Justamente por isso. Como esta se aproximando o final do bimestre, tenho que correr atrás das minhas notas. – Ele piscou como se já tivesse esclarecido todas as minhas duvidas, e eu me segurei em uma mesa que estava ao meu lado para não desmaiar diante daquilo.
– E por que você mexia nas gavetas de arquivos? – Aquilo era tão ridículo eu estava interrogando o garoto, mas precisava por as idéias no lugar, tentar entender o que havia acontecido ali.
Suas sobrancelhas se juntaram e ele me olhou com um olhar analítico, como se estivesse procurando algo em mim, tentando entender de onde vinham estas perguntas.
– Não vou mentir pra você! – Ele parecia ser sincero – Queria ver meu histórico, verificar se a ficha esta muito suja. Entende?
Apesar de toda a sinceridade que ele transpareceu ainda não sabia se podia confiar nele, quando me preparei para a próxima pergunta, meu celular começou a vibrar em meu bolso e em seguida tocou o hino do Corinthians, ele me deu um sorriso gozado e olhou para o celular que eu tentava atender rapidamente.
– Fala Jessica! – eu disse meio mal-humorada, pelo fato de ser interrompida.
– Cadê você o sinal tocou a meia hora? – Jéssica continuou sem esperar a minha resposta – Você tem que ver isso. O pai do Caio trouxe o carro novo dele aqui na escola ele queria fazer uma surpresa. – dizia a voz animada de Jessica do outro lado do telefone.
– Um carro, sério? – perguntei surpresa.
Ele se virou para ir embora, aproveitando a chance de escapatória, mas quando eu mencionei sobre o carro do Caio, ele voltou rapidamente e me ouvia atento, enquanto eu jogava olhares desconfiados nele e ele fingia não perceber.
– sim esta no estacionamento ele é lindo, o Caio já disse que vai me dar uma carona hoje! – Jessica vibrava com o novo carro de Caio.
Sai da sala e fui para a janela da biblioteca dar uma olhada, o carro era realmente lindo, um Astra sedan vermelho zerado, mas o que me impressionou foi que ele caminhou comigo até a janela e ao observar o carro, fez uma cara de espanto como se aquilo fosse o fim do mundo.
– O carro é lindo mesmo, eu já estou descendo ai, ok?! Tchau Jessica! – Eu desliguei o celular sem nem ao menos esperar sua resposta. – Sabia que não se pode ouvir a conversa dos outros? – perguntei sarcasticamente.
– Sou viciado em carros. Sortudo seu amigo! – Ele disse já saindo para o intervalo, querendo escapar de todas as minhas desconfianças.
– Ei! – gritei para que ele olha-se – Como você se chama?
– Gaiel. – foi apenas isso que ele respondeu com um sorriso lindo de dentes perfeitos era como um teclado em sua boca e depois desceu as escadas.
Eu sai correndo pra tentar alcançá-lo, não podia ficar assim com tão poucas respostas, mas no caminho algo me impediu, uma gaveta no armário de arquivos estava aberta, havia vários arquivos em ordem alfabética dentro da gaveta e em cima deles tinha uma pasta revirada, quando fui ver do que se tratava, era a ficha de Caio. Como? Pra que? E por quê? Foram exatamente essas as perguntas que surgiram em minha cabeça. Como ele pode ter pego e lido alguma coisa tão rápido, se o barulho das gavetas só cessaram quando ele ouviu a minha voz? Pra que ele queria a ficha de Caio? E por que Caio?

Quando cheguei ao estacionamento Caio estava dentro do carro namorando o som que tocava as alturas, quando Jessisca me viu, veio correndo em minha direção me puxando pelo braço, para ver o carro.
– Não Jessica! Preciso falar com você longe do Caio. – Eu disse mostrando um pouco de desconfiança. – É sobre o aluno novo.
– Uou. Vou gostar desse assunto – ela falou com um ar de riso.
– É sério Jé. Eu acho que ele esta aprontando alguma pro Caio, peguei ele fuçando na ficha do Caio.
– Meu Deus. Será que aquele bofe é gay? – Jessica perguntou assustada, e aquilo me fez rir. – Esquece essa doidera, às vezes ele pegou a ficha do Caio por engano.
– Mas... – Jéssica colocou o dedo em minha boca sem me deixar terminar a frase.
– vamos ver o carro e na hora da saída você resolve isso ok?
E era isso que eu planejava fazer, mas na hora da saída a única coisa que pude cer foi ele entrar em seu Carsale preto e sair as velocidades.

P.S: meninas que estão acompanhando o meu blog, sou muito agradecida a vocês e peço que comentem depois que lerem esta postagem pois eu estou quase desistindo de escrever o meu livro e quero ver quantas pessoas estão me acompanhando pra continuar, muito obrigada, beijos!

sábado, 18 de julho de 2009

Cont. do 1º Capitulo.

– Eu estou no deserto? Porque aquilo é uma miragem! ¬– Perguntou Jéssica apontando para o corredor, onde já não permanecia o motivo pelo qual ela apontava.
– Eu sei quase tive cegueira de tanto olhar para ele! – Respondi ainda perplexa com tanta beleza.
– Agora você vai para a aula do Carlos de Geografia. Estou certa?
Peguei meu cronograma em minha mochila, para consultar minha próxima aula que já não lembrara mais.
– É verdade, mas o Carlos me liberou para fazer a atividade que minha sala fez utilizando o computador no dia em que eu passei mal. – fiz uma expressão feliz – isso significa que eu vou ficar na biblioteca na aula dele.
– Que inveja de você, porque agora eu tenho aula com a bruxa da Célma! – Jessica fez um olhar de tédio, que me fez rir.
– Então faça bom proveito da sua aula, porque eu vou pra biblioteca antes que eu não consiga terminar a atividade! – dei beijo na testa da Jessica e sai correndo.


Já fazia uma década que eu estava ali quando finalmente consegui terminar aquela atividade estressante, desliguei o computador para ir embora, foi quando eu ouvi a porta da biblioteca bater, dei um pulo da cadeira, meu coração acelerou, comecei a ouvir barulhos de gavetas abrindo e fechando com muita velocidade, só assim percebi que não estava sozinha na biblioteca, me perguntei por que estava com medo, já que a biblioteca era dentro da escola, a escola era um lugar cheio de pessoas e tudo mais, mas bastou terminar de colocar a questão que já encontrei a resposta para ela, estava com medo porque, aquele andar era abandonado, ali ficavam um monte de livros velhos, e os computadores que só eram usados depois que tocava o sinal de saída, ninguém usava o computador nas horas de aula, “a não ser eu”.
– Senhora Iris? – soltei em uma voz tremula na esperança de que fosse a inspetora.
Para minha decepção não era ela, já que ao ouvir minha pergunta os sons das gavetas pararam rapidamente, como se fosse a um susto e passos baixos e vagarosos começara a caminhar na direção da sala onde ficam os computadores, ou seja, onde eu estava. Peguei o que estava mais próximo de mim para minha defesa, meu coração estava quase saindo pela boca, o suor frio já escorria pelo meu rosto, quando a porta se abriu devagar a única coisa que eu fiz, foi jogar o atlas enorme que estava em minha mão e em sequência comecei a jogar todos os dicionários que estavam em uma mesinha ao meu lado, sem nem olhar quem estava abrindo a porta, gritando socorro aos prantos feito uma louca. Em menos de um milésimo havia uma mão com pele de seda macia tampando minha boca, enquanto a outra mão segurava meus braços que sem fazer nenhum esforço bloqueou os meus movimentos, e um par de olhos azuis fixos nos meus suplicava para que eu me calasse.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cont. do 1º Capitulo.

O som da buzina do carro de Caio já estava me dando nos nervos e eu fui obrigada a por a cabeça pra fora da janela e dar um xingo nele antes de descer as escadas e sair de casa. Quando abri a porta pude ver ele se encolhendo no carro, provavelmente minha cara devia estar assustadora de tão nervosa que eu estava, afinal ninguém merece acordar cedo neste frio para ir pra escola e ainda ter que ouvir o Caio buzinando sem parar na frente minha casa.
– Agora você esta com medo? Pensa-se antes de ficar enchendo o meu saco. – Eu disse enquanto caminhava para o carro.
– O problema é que você é muito enrolada Vivian, eu e a Jé acordamos depois de você e faz um século que estamos esperando você aqui no carro.
– E os bancos deste carro velho não são nada confortáveis – Disse Jessica que já estava sentada no banco de passageiro ao lado de Caio que dirigia.
– Vocês podiam ter me esperado lá dentro, já dormiram lá mesmo. – bati a porta do carro com muita força enquanto entrava para que eles notassem a minha raiva.
– Cuidado Viviam a porta pode cair. –Disse Jessica fazendo piado com o estado do carro de Caio.
– Pra sua informação Jessica eu vou comprar meu carro novo essa semana ainda. – Caio ficava todo orgulhoso ao lembrar-se do esforço que teve para ajuntar o dinheiro do carro novo que ia comprar.


Nunca senti uma sensação tão estranha, quanto a que senti ao parar em frente à escola, foi como se uma harmonia de coisas boas me puxassem para dentro dela, tinha vontade de sorrir para todos e não parecia ser só eu, pois por onde passava ganhava sorrisos, pessoas que eu nunca havia nem percebido a presença abriam sorrisos para mim. A escola estava muito calma, uma paz que dominava tudo, era estranho confesso, mas era muito bom pra se estranhar.
Despedi-me de Jessica e Caio que pareciam estar se sentindo tão bem quanto eu e fui para minha sala.
Como de costume, coloquei a minha mochila ao lado de minha carteira e abaixei para pegar o cronograma dos horários que estava dentro dela, para ver que aula seria esta – para mim é praticamente impossível decorar o cronograma –, quando me levantei, meus olhos foram em direção a carteira ao lado, e para minha surpresa havia um aluno novo sentado nela, mas não era qualquer aluno, ele era simplesmente lindo. Tinha olhos azuis que pareciam ser cintilantes de tão azuis, os cílios eram longos e grossos destacando seus olhos, sua pele era branca com as bochechas coradas de um vermelho bem claro, seu cabelo era preto como petróleo formado por cachos perfeitos, um lábio bem desenhado, seguido de um furinho no queixo e ele era definitivamente musculoso, mas não era como aqueles bombados que não conseguem nem fechar os braços, seu corpo era definido, era lindo!
Seus olhos encontraram os meus e eu não pude nem me mexer de tão hipnotizada que estava. Só então eu percebi que ele estava me olhando, e se eu percebi isto quer dizer que eu estava olhando para ele, enquanto ele me olhava, desviei meu olhar rapidamente e pude sentir minhas bochechas corarem de tanta vergonha, quando ouvi seu riso disfarçado ao meu lado.
O professor entrou na sala e iniciou a aula, mas mal pude prestar atenção em uma palavra do que ele dizia. Como poderia prestar atenção em senhor de cabelos grisalhos, olhos fundos e pele enrugada, se havia um príncipe ao meu lado, melhor dizendo um anjo. Eu não parei de olhar para ele a aula inteira, eu sabia que ele estava percebendo, mas se fosse ao menos só eu, eram todas as meninas da sala, e depois tinha outra ele jamais perderia o precioso tempo de sua vida para falar comigo, afinal o que era eu se não uma aluna comum paquerando o homem perfeito, para pelo menos metade do universo! Sendo assim eu podia olha e babar, sem nunca precisar aturar o mico que seria falar com ele depois disso, isso simplesmente porque ele nunca falaria comigo.
Quando tocou o sinal para a troca de aula, ele se levantou e andou elegantemente até a porta, Jéssica estava vindo em minha direção e ficou tão distraída olhando o anjo que saia da sala que esbarrou no próprio, seu pedido de perdão foi gaguejante, ele apenas deu um sorriso sutil que terminava em lindas covinhas e nós duas derretemos ao mesmo tempo, enquanto ele partia para o corredor.

Cont. do 1º Capitulo.

Eu fiquei na Sala pensando se tinha feito mal em falar aquilo para Caio, mas realmente era o que eu achava ele era um menino bonito, sempre usava aquele cabelo castanho claro bem arrepiado, destacando seus olhos que eram de cor semelhante, e tinha um sorriso muito lindo que se abria em uma covinha pequena, não sei se era o tipo da Tanajura loira, mas se eu não fosse tão irmã dele – afinal eram seis anos de amizade – Eu me interessaria por Caio, e assim como eu, deve ter outra garota que goste dele, e eu vou achar esta menina.
Quando tocou o sinal pra saída Caio estava me esperando na porta da minha sala, dei um beliscão nele e sai andando, ele foi atrás de mim caminhando ao meu lado.
– O que você acha da gente alugar uns filmes e pedir uma pizza lá em casa e amanhã vocês vem direto pra escola. Minha mãe vai dormir na minha avó com a minha irmã, e meu pai ta viajando por causa do trabalho, e eu odeio...
–... Ficar sozinha em casa, por que eu tenho medo.
Dei um tapa no ombro dele com um pouquinho de força, e ele gemeu.
– Eu não tenho medo só não gosto de ficar sozinha é estranho.
– Que seja. Quem liga pra Jessica eu ou você?
– Liga você não posso usar o telefone, to de castigo por que não limpei meu quarto.
– Deixa comigo então. Eu passo pra buscar a Jessica e as 8:00hr vou pra lá. Vem comigo no meu carro eu te levo pra casa hoje.
– Opa! Vamo bora, qualquer coisa é melhor do que pegar ônibus.
Caio olhou com uma cara feia pra mim e disse.
– Ta chamando meu carro de qualquer coisa, ele pode não ser lá uma Ferrari, mas eu tenho um carro. – depois de me dizer isso ele mostrou a língua em um ato totalmente infantil.
– Que culpa tenho, se eu não completei maior idade, ou você esqueceu que o único que repetiu o terceiro, foi você. – dessa vez eu ganhei do Caio.



Tinha acabado de tomar banho, ainda estava secando o cabelo molhado com a toalha de banho, quando a Campânia tocou, desci correndo as escadas pra atender a porta. Só pude sentir meu pé descalço e molhado escorregar no piso antiderrapante que minha mãe escolheu para por na nossa sala, levei um tombo tão forte que até empurrei a mesinha de centro, fiquei sentada com dores em todos os cantos do corpo, pelo jeito o barulho tinha sido alto, pois eu ouvia as risadas de Caio e Jessica atrás da porta, não pude aguentar e comecei a dar risada junto com eles, enquanto me levantava meio corcunda caminhando até a porta para abri-la. E lá estavam eles, Caio com seu estilo básico de sempre boné, blusa de frio e calça jeans, já Jessica extravagante como só ela é, com uma tiara prateada que destacava seu cabelo curto – vermelho vulcão nº 56 da marca de tinta que ela usava –, cor que destacava os olhos verdes escuros, sua franja de lado como sempre, a roupa de perua, blusinha de oncinha com um super salto, cheia de bijuterias, e com metade da pele branca a mostra com todo aquele frio. Era incrível como éramos diferentes uns dos outros
– Este é o primeiro do dia? – Perguntou Caio, quando eu abri a porta.
– Na verdade eu levei outro tombo hoje à tarde quando estava indo pra cozinha.
– Ainda bem que seu piso é antiderrapante, não é? – disse Jessica com ironia.
– Vocês trouxeram a pizza – eu estava reparando nas duas caixas de pizza que Caio trazia na mão – quatro queijos e calabresa?
– Como sempre! – respondeu Caio enquanto colocava a pizza na mesa de centro - que estava meio torta porá causa do empurrão que eu dei nela – ele se jogou no sofá todo espalhado.
– Terror clássico pra assistir. – Jessica mostrou o filme com a capa do logotipo da locadora perto de casa.
– Incrível vocês amam judiar de mim. Eu vou buscar refrigerante.



– Tem certeza que esse filme é de terror? Você leu a capa direito Jessica? – disse Caio caçoando do filme, que até agora não tinha nós feito dar um pulinho.
Ele não estava mentindo, pois já tinha meia hora de filme, e a única coisa que aparecia era uma menina tocando piano, o filme tava um saco.
– Acho que a atriz ficou com cainbrã nos dedos de tanto tocar piano. – Eu caçoei.
– Ou ficou com trauma de música classica! – disse Caio e nós dois fizemos um toque de mão em seguida.
– Quer saber, por que a gente não faz alguma coisa interessante? Esse filme não ta prestando. – perguntou Jessica.
– Boa idéia Jé, eu já tava querendo falar de um assunto com vocês!
– Sobre? – perguntou Caio curioso.
– Sobre achar uma namorada digna pra você, ai você ia esquecer a Tanajura. – eu disse com um ar de glória.
– Fala sério vivi, cala a boca ai vai. – ele tampou minha boca com a mão.
– Ela ta certa Caio, já passou da hora de você melhorar seus gostos para mulheres! – concordou Jessica.
– Olha porque vocês não me deixam assim eu to feliz, ok? Você que devia se preocupar em achar um namorado Vivi, ta sempre solteirona.
– Não obrigada, homem vem junto com dor de cabeça, e meu analgésico acabou.
– Você diz isso porque não sabe como é estar apaixonada. Você fica dando uma de insensível que não quer homem não sua vida, blábláblá... – disse Jessica para mim.
– É claro que eu sei o que é estar apaixona, eu amo o Caio. – Eu me pendurei no pescoço do Caio e comecei beijar a bochecha dele. – não é meu amorzinho?
Caio começou a fazer coceguinhas em mim e ficamos dando risada dando risada, aquilo foi realmente engraçado, mas eles tinham razão já tava passando da hora de eu dar uma de durona, tinha que começar a encarar a realidade.

terça-feira, 14 de julho de 2009

1. Normalidades

Acordei totalmente indisposta para ir à escola, o frio estava simplesmente insuportável. Levantei super preguiçosa num bocejo gigante, me vesti tão rápido pra que não pudesse sentir o frio, coloquei duas blusas, duas calças, um cachecol e uma toca, mas mesmo assim a roupa estava tão gelada que não tinha como. Olhei para o espelho rapidamente para verificar como ficou, até que não havia ficado estranho, o cachecol lilás combinava com minha pele morena, e a blusa cacharrel, destacava meus olhos cor de mel por ser da mesma cor, joguei os meus cabelos por cima da blusa e desci as escadas correndo, enquanto penteava aqueles longos cabelos lisos e pretos, que estavam cheios de nós, eram nessas horas que me arrependia de ter deixado o cabelo crescer. Como sempre sai atrasada graças a minha lerdeza e tive que correr atrás do ônibus comendo um pão com manteiga pedindo para o motorista pará-lo.
Incrível como as pessoas que pegam o ônibus pela manhã conseguem ser tão desagradáveis e carrancudas, não sei se isso acontece em todos os lugares, mas no ônibus que eu pego isso acontece todos os dias, talvez o problema seja eu que sempre chego atrasada e tenho que fazer o Franco parar o ônibus, ainda bem que eu e o Franco somos amigos, se não eu ia chegar à segunda aula todos os dias ao invés de uma vez por semana, essas são às vezes em que definitivamente estou lerda. Eu sempre tento pegar o banco alto do ônibus aquele que fica em cima da roda, me sento ao lado da janela coloco o mp5 no ouvido e fico olhando as pessoas na rua, sempre esta vazia, afinal é muito cedo e quem não esta trabalhando esta dormindo, os únicos lugares que mostram algum movimento nos bairros são as escolas, por causa do horário de entrada, mas aquilo tudo é um pouco depressivo para mim, já que são imensos os números de casais no portão da escola, e para uma tal de Vivian esse momento não cai bem, Então eu procuro desligar o mp5 que por incrível que pareça faz questão de tocar um brega romântico bem nesse momento.

Quando cheguei à escola Caio já estava esfumaçando, claro ele tinha razão eu estava atrasada, mas ele poderia tentar me compreender ao invés de ficar obcecado em entrar na escola a tempo, para ver a “Juliana Portine”. Só queria descobrir o que tem aquela garota, é claro além daqueles peitos enormes que devem ter custado uma fortuna, os cabelos longos e loiros (não era a cor natural óbvio) e aquela cara de sínica – esquece já descobri o que ela tem –, só assim para ter tantos meninos atrás dela.
Quando me aproximei de Caio seus olhos castanhos claros se arregalaram, e ele fez uma expressão mais furiosa do que antes, então ele levantou o dedo pronto para me dar uma bronca, mas fui mais rápida que ele e comecei a falar enquanto abaixava o dedo dele com a minha mão.
– OK, eu sei eu não deveria ter me atrasado, mas veja – eu disse apontando para o portão da escola –, ainda esta aberto, você vai ver sua amada Juliana hoje.
– Não é só por isso Vivi, hoje eu tenho aulas importantes, e...
¬– aham, sei, sei! – eu disse cortando ele, enquanto caminhava para entrar no meu inferninho pessoal, chamado escola.
Abrir o meu armário da escola era decepcionante, aquilo tava uma verdadeira zona, então eu peguei os livros que ia usar pra próxima aula e fechei-o rápido pra não ter que encarar a realidade, apesar de que observando o armário do Caio o meu era um luxo.
– Qual o motivo da Jessica ter faltado hoje? – Perguntei para Caio, afinal Jessica sempre tinha uma desculpa pra não ir quando estava com preguiça de entrar na escola, ela liga no celular do Caio e conta pra ele a desculpa do dia. Ela nunca liga no meu afinal, nunca se tem certeza se eu vou mesmo conseguir entrar na escola.
Caio não deu muita atenção a minha pergunta quer dizer nem reparou que eu estava falando com ele, porque a Tanajura loira – apelido dado pelo tamanho do bumbum, invenção da Jessica – estava passando exatamente naquele momento.
Fiquei olhando para o Caio enquanto ela passava e logo depois que ela passou, comecei estalar meus dedos na cara dele, pra desperta-lo do coma.
– Você escutou o que eu falei Caio? – perguntei meio estressada.
– Ela disse que estava com cólica. – é incrível como o Caio presta atenção nas coisas, isso até era bom porque ele sempre descobria as coisas pra gente.
– Quer saber de uma coisa Caio, por que você não pede logo pra ficar com a Tanajura loira? Eu juro que vou fazer um esforço pra suportar ela na minha vida.
– O nome dela é Juliana. E eu não faço isso, porque não to a fim de ser motivo de piada. – ele deu uma piscadinha pra mim depois que terminou de falar.
– Bom você que quis ficar afim de uma garota que atrai cromossomos “Y” de todas as partes! Talvez seja a falta de neurônios que chama a atenção dos garotos.
– Para com isso Vivi, ela até que é inteligente.
– Há, há! Agora deu, então quer dizer que aquele dia que ela falou que o nosso país era banhado pelo oceano “indiano”, ela só tava dando descanso para meia dúzia de neurônios dela. – fiz questão de falar a palavra indiano fazendo aspas com as mãos
– Ela quis dizer oceano índico, ela só trocou as palavras.
– Mas o nosso país é banhado pelo Oceano Atlântico. – agora a Tanajura não tinha defesa.
– To ok, você ganhou, mas do mesmo jeito, ela não vai me querer nunca. – a expressão de Caio foi de pura decepção, então pela primeira vez comecei a acreditar seriamente que ele estava sentindo algo a mais do que uma simples paquera.
– Sabe Caio você é um cara muito interessante, só precisa abrir espaço pra menina te conhecer. – eu dei uma piscadinha pra ele, e entrei pra sala de aula dando um tchau, enquanto ele caminhava até a sala dele.