terça-feira, 14 de julho de 2009

1. Normalidades

Acordei totalmente indisposta para ir à escola, o frio estava simplesmente insuportável. Levantei super preguiçosa num bocejo gigante, me vesti tão rápido pra que não pudesse sentir o frio, coloquei duas blusas, duas calças, um cachecol e uma toca, mas mesmo assim a roupa estava tão gelada que não tinha como. Olhei para o espelho rapidamente para verificar como ficou, até que não havia ficado estranho, o cachecol lilás combinava com minha pele morena, e a blusa cacharrel, destacava meus olhos cor de mel por ser da mesma cor, joguei os meus cabelos por cima da blusa e desci as escadas correndo, enquanto penteava aqueles longos cabelos lisos e pretos, que estavam cheios de nós, eram nessas horas que me arrependia de ter deixado o cabelo crescer. Como sempre sai atrasada graças a minha lerdeza e tive que correr atrás do ônibus comendo um pão com manteiga pedindo para o motorista pará-lo.
Incrível como as pessoas que pegam o ônibus pela manhã conseguem ser tão desagradáveis e carrancudas, não sei se isso acontece em todos os lugares, mas no ônibus que eu pego isso acontece todos os dias, talvez o problema seja eu que sempre chego atrasada e tenho que fazer o Franco parar o ônibus, ainda bem que eu e o Franco somos amigos, se não eu ia chegar à segunda aula todos os dias ao invés de uma vez por semana, essas são às vezes em que definitivamente estou lerda. Eu sempre tento pegar o banco alto do ônibus aquele que fica em cima da roda, me sento ao lado da janela coloco o mp5 no ouvido e fico olhando as pessoas na rua, sempre esta vazia, afinal é muito cedo e quem não esta trabalhando esta dormindo, os únicos lugares que mostram algum movimento nos bairros são as escolas, por causa do horário de entrada, mas aquilo tudo é um pouco depressivo para mim, já que são imensos os números de casais no portão da escola, e para uma tal de Vivian esse momento não cai bem, Então eu procuro desligar o mp5 que por incrível que pareça faz questão de tocar um brega romântico bem nesse momento.

Quando cheguei à escola Caio já estava esfumaçando, claro ele tinha razão eu estava atrasada, mas ele poderia tentar me compreender ao invés de ficar obcecado em entrar na escola a tempo, para ver a “Juliana Portine”. Só queria descobrir o que tem aquela garota, é claro além daqueles peitos enormes que devem ter custado uma fortuna, os cabelos longos e loiros (não era a cor natural óbvio) e aquela cara de sínica – esquece já descobri o que ela tem –, só assim para ter tantos meninos atrás dela.
Quando me aproximei de Caio seus olhos castanhos claros se arregalaram, e ele fez uma expressão mais furiosa do que antes, então ele levantou o dedo pronto para me dar uma bronca, mas fui mais rápida que ele e comecei a falar enquanto abaixava o dedo dele com a minha mão.
– OK, eu sei eu não deveria ter me atrasado, mas veja – eu disse apontando para o portão da escola –, ainda esta aberto, você vai ver sua amada Juliana hoje.
– Não é só por isso Vivi, hoje eu tenho aulas importantes, e...
¬– aham, sei, sei! – eu disse cortando ele, enquanto caminhava para entrar no meu inferninho pessoal, chamado escola.
Abrir o meu armário da escola era decepcionante, aquilo tava uma verdadeira zona, então eu peguei os livros que ia usar pra próxima aula e fechei-o rápido pra não ter que encarar a realidade, apesar de que observando o armário do Caio o meu era um luxo.
– Qual o motivo da Jessica ter faltado hoje? – Perguntei para Caio, afinal Jessica sempre tinha uma desculpa pra não ir quando estava com preguiça de entrar na escola, ela liga no celular do Caio e conta pra ele a desculpa do dia. Ela nunca liga no meu afinal, nunca se tem certeza se eu vou mesmo conseguir entrar na escola.
Caio não deu muita atenção a minha pergunta quer dizer nem reparou que eu estava falando com ele, porque a Tanajura loira – apelido dado pelo tamanho do bumbum, invenção da Jessica – estava passando exatamente naquele momento.
Fiquei olhando para o Caio enquanto ela passava e logo depois que ela passou, comecei estalar meus dedos na cara dele, pra desperta-lo do coma.
– Você escutou o que eu falei Caio? – perguntei meio estressada.
– Ela disse que estava com cólica. – é incrível como o Caio presta atenção nas coisas, isso até era bom porque ele sempre descobria as coisas pra gente.
– Quer saber de uma coisa Caio, por que você não pede logo pra ficar com a Tanajura loira? Eu juro que vou fazer um esforço pra suportar ela na minha vida.
– O nome dela é Juliana. E eu não faço isso, porque não to a fim de ser motivo de piada. – ele deu uma piscadinha pra mim depois que terminou de falar.
– Bom você que quis ficar afim de uma garota que atrai cromossomos “Y” de todas as partes! Talvez seja a falta de neurônios que chama a atenção dos garotos.
– Para com isso Vivi, ela até que é inteligente.
– Há, há! Agora deu, então quer dizer que aquele dia que ela falou que o nosso país era banhado pelo oceano “indiano”, ela só tava dando descanso para meia dúzia de neurônios dela. – fiz questão de falar a palavra indiano fazendo aspas com as mãos
– Ela quis dizer oceano índico, ela só trocou as palavras.
– Mas o nosso país é banhado pelo Oceano Atlântico. – agora a Tanajura não tinha defesa.
– To ok, você ganhou, mas do mesmo jeito, ela não vai me querer nunca. – a expressão de Caio foi de pura decepção, então pela primeira vez comecei a acreditar seriamente que ele estava sentindo algo a mais do que uma simples paquera.
– Sabe Caio você é um cara muito interessante, só precisa abrir espaço pra menina te conhecer. – eu dei uma piscadinha pra ele, e entrei pra sala de aula dando um tchau, enquanto ele caminhava até a sala dele.

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